Periquitos do Can encantam vizinhos da Basílica de
Nazaré
Moradores
param atividades para assistir as revoadas dos pássaros, que chegam a 6 mil no
entorno da Praça Santuário.
As samaumeiras do Centro
Arquitetônico de Nazaré (CAN) são conhecidas pelo seu tamanho imponente e pelos anos de
história enraizadas na praça Santuário. Mas as árvores se tornaram, além disso,
o abrigo de muitos pequenos pássaros, chamados de asa branca, mas conhecidos
carinhosamente como os periquitos do CAN.
Apesar do barulho, os vizinhos da
praça já se apegaram aos periquitos. A dona de casa Graça Reis é uma delas, e
conta que, inclusive, são os moradores que ela mais gosta da redondeza. “São vizinhos
mandados por Deus, mandados por Nossa Senhora. Porque se não fossem mandados
por ela não estavam tão pertinho dela. Ela deve ficar muito feliz quando eles
passam. Eles cantam para ela”.
Dona Graça confessa que, às vezes, é
preciso fechar as janelas para diminuir o barulho que os passarinhos fazem,
mas, com tanto tempo de convivência, ela revela que a relação entre eles já é
bem respeitosa."Na quarta feira passada teve novena aqui em casa. Foram
duas horas de novena e eles não fizeram nenhum barulho, se comportaram!",
brinca.
Estima-se que os periquitos em torno
do CAN existam há pelo menos 50 anos. Uma das samaumeiras abriga mais de 2 mil dos
passarinhos. Eles vivem em grupos de famílias com pai, mãe, filhos, se
comunicam pelo som e tem uma rotina regrada. A árvore é usada apenas como
dormitório. Maria Luísa Reis, ornitóloga especialista em árvores, conta que
eles passam o dia se alimentando de árvores como mangueiras, jambeiros.
Com o final da tarde chegando, eles
se aproximam em vários grupos e ficam voando de um lado para o outro, em uma
coreografia tão rápida que é até difícil de acompanhar, seguidas por um barulho
inconfundível.
Os periquitos medem cerca de 20
centímetros e se caracterizam pela plumagem verde e a borda das asas amarelas.
Só que a parte de dentro das asas é branca, por isso são chamados de periquitos
de asa branca.
No entorno do CAN existem mais de 6
mil periquitos. Toda essa "magia barulhenta" encanta dona Mízar Bonna
há mais de sete décadas, quando uma tia dela falava da alegria dos pássaros.
“Quando eles cantavam muito era sinal de boas vendas. Quando cantavam pouco, significava
poucas vendas”, revela a estilista sobre as superstições daquela época.
E essa relação de dona Mízar com os
pássaros é tão grande, que ela resolveu colocar esse símbolo no manto do Círio
de 2010. “Os pássaros representam as pessoas no Círio”.
Às vezes, eles migram de árvore, mas
sempre estão perto do CAN. Esta semana, eles resolveram ir para a samaumeira
que fica no parque de diversões do Arraial de Nazaré. Se o apelido deles é asa
branca, para quem se acostumou a ouvi-los, são os queridos periquitos do CAN. E
se as samaumeiras são as testemunhas silenciosas do Círio, os periquitos
certamente são as testemunhas mais barulhentas do segundo domingo de outubro.