quarta-feira, 27 de março de 2013

        O Meu Primeiro Peixe Grande


A minha iniciação em pescaria começou por volta de 12 anos. Tínhamos mudado de uma megalópole que é São Paulo, para um sítio próximo a Belém, capital do estado do Pará.
          Foi um tremendo choque para quem morava num apartamento, encontrar um lugar amplo, cercado pelas matas. A nossa casa ficava isolada no mínimo uns 2 km dos vizinhos. Foi lá que passei os melhores momentos da minha infância.
          Próxima a casa corria um lindo igarapé de águas cristalinas, onde se avistava vários peixes nadando tranquilamente.
          Logo me iniciei na pescaria levado pelo primo mais velho, que arrumou o material de pescaria que consistia numa vara fina de graveto, uma linha de costura, um chumbinho da carga de espingarda previamente furado, e um anzol chapinha.
          Sobre o igarapé havia um grosso tronco caído e sobre o qual, passamos intermináveis momentos de alegria.
          Fui aprendendo os nomes dos peixes: Acará, Traíra, Jacundá, Piaba, Jejú, Ueua...
O nosso material rudimentar, muitas vezes não agüentava o tranco dos peixes maiores, a linha se rompia, a vara quebrava, e os peixes como traíra com boca mais dura, o anzol não conseguia fisgar.
          Um dia, estava sozinho no lugar favorito, com a isca dentro d’agua, quando de repente vi correr uma sombra escura num ataque violento sobre a isca. Assustado puxei a minha vara, mas vi o anzolzinho escapar facilmente da boca do imenso traíra, que sumiu rapidamente , como tinha aparecido, levando ainda a isca.
         Fiquei tremulo por um instante, com a imagem do peixão cravada na memória.
         Chegando em casa, fiquei pensando na maneira de pegar aquele peixe. Primeiro tinha que trocar aquele anzol raquítico, por um mais robusto que aguentasse o tranco daquele peixe. Revirei as coisas do meu primo, para ver se achava, mas só encontrei os de chapinha.
         Imaginei fabricar um anzol, e achei um arame de bom calibre. Cortei num tamanho adequado, fiz a ponta com um lima, peguei a bigorna de sapateiro do um tio e amassei a ponta e fiz a fisga.
         Depois fiz a curva e o local para prender a linha, achatando com o martelo, fazendo uma chapinha.
         Pronto estava pronto o anzol! Fui correndo mostrar para os meus primos.
         - Mas o que vai pegar com esta coisa medonha? E caíram na gargalhada.
         Peguei o meu material de pesca e fui para o meu cantinho de pesca preferido. Coloquei um pedaço de carne, e joguei na água.
         Após umas batidinhas na água, senti um tranco, dei um puxão e fisguei
         A minha vara ficou envergada, puxei com cuidado e consegui trazer um
traíra de uns três quilos!

         Meus primos ficaram boquiabertos ao verem o meu troféu.    

sábado, 23 de março de 2013

Baiacu

     Cozinheiros precisam de licença para preparar peixe venenoso no Japão.
   Um dos peixes mais perigosos do mundo é usado na culinária do Japão.
   O Fugu é saboroso, mas pode matar se não for preparado com cuidado.
  O Fugu, conhecido no Brasil como Baiacu, é um dos peixes mais venenosos do mundo. Em alguns períodos da história do Japão, o prato foi proibido e até o hoje é o único que imperador japonês não pode provar, para sua própria segurança.
  Para experimentar uma iguaria tão perigosa, é melhor evitar riscos.
  O chef Suzuki tem 20 anos de experiência com Fugu.
  Os clientes costumam sair do restaurante satisfeitos e, mais importante, vivos.
  O ingrediente do não poderia ser mais fresco.
  O chef pega um dos peixes no aquário e mostra uma das habilidades do baiacu: ele infla e aumenta de tamanho quando se sente ameaçado.
  Para evitar acidentes, somente cozinheiros que receberam licença do governo japonês podem preparar o Fugu.
  Eles passam por uma prova, depois de até 10 anos de treinamento. É preciso ter habilidade para tirar o fígado do peixe sem contaminar a carne. É nesse órgão que se concentra a tetrodoxina, um veneno que ataca o sistema nervoso central dos predadores do Fugu e, para o qual, não há antídoto.
  Há tanto veneno no fígado que o chefe é proibido por lei de jogá-lo no lixo comum.
  Depois de retirá-lo, o chefe guarda o fígado em uma lata fechada com cadeado. Uma vez por dia, uma empresa especializada recolhe os fígados retirados pelo chefe e os leva para um incinerador. É para evitar a contaminação pelo veneno.  
  O chefe diz que também é preciso conhecer cada tipo de Fugu. Em uma das espécies, por exemplo, dá para comer a pele.
  Em outras, ela também tem veneno. Se alguém comer por engano, acaba contaminado.
  Com o fígado retirado, a carne é lavada e o chefe começa a preparar um jantar completo, com quatro pratos. De entrada, uma espécie de salada, com tirinhas de Fugu. Depois, um sashimi, cortado bem fininho.
  O peixe é versátil. Dá para fazer churrasquinho e também cozido. Ao experimentar o Fugu pela primeira vez, a adrenalina no corpo aumenta.
  Dá nervoso saber que está comendo algo potencialmente mortal, o que acaba dando um toque especial e exótico ao peixe.  
  O chefe explica que os japoneses gostam do peixe por seu sabor suave e delicado e nem se preocupam com o veneno, porque sabem que, nos restaurantes, o risco praticamente não existe.       
  Apesar disso, 21 pessoas foram intoxicadas e uma morreu no ano passado no Japão por tentar preparar o peixe por conta própria. Portanto, apesar de o Fugu ser uma delícia, é melhor não tentar repetir a receita em casa.


 









sexta-feira, 22 de março de 2013

  Baiacu

  Muitas vezes quando estamos pescando, esperando pescar um robalo, pescada amarela, corvina, mero ou outros bons peixes, deparamos com este ladrão de iscas, e que quando fisgado pode cortar fácilmente o empate e até o anzol.
   É o baiacu (Tetrodontidae) , este peixe dotado de quatro poderosos dentes, e consegue inchar o ventre quando fisgado e fora de água, encontramos frequentemente na psca em Salinas.
   Este baiacu de Salinas é do tipo Mirim, com dorso com manchas escuras. Não conhecemos ninguém que tenha tantado comé-lo. 

   
    Nas regiões nordeste e sudeste do país, encontramos outro tipo de baiacú, é o baiacu arara
          o Baiacu Arara (Lagocephalus laevigatus), tem como cor predominante verde no dorso, barriga branca e laterais amareladas, e é consumida nestas cidades. O peixe em si não é venenoso, porém na hora de limpá-lo devemos guardar os devidos cuidados para não romper a vesícula(tipo uma bolsinha com líquido verde) que tem a toxina, tetrodoxina, um veneno que ataca o sistema nervoso central dos predadores do Fugu e, para o qual, não
há antídoto.


  
    
   
  

domingo, 17 de março de 2013

Por que pescar?


Por que pescar? Muita gente que nunca pescou faz frequentemente esta pergunta
- Eu nunca teria paciência para ficar esperando o peixe morder a isca. dizia uma pessoa.
- É mais fácil comprar peixe no mercado, do que ficar horas à espera de um! comentava o outro.
- Vocês sabem o que é ser feliz? Eu retrucava sempre que ouvia tais comentários. Vocês repararam que nas fotos dos pescadores com seus troféus, os rostos estão estampadas de fisionomias de verdadeiras felicidades, com aqueles sorrisos abertos, de plena satisfação e objetivos alcançados.
Tudo é prazer numa pescaria, desde os dias que antecedem nos preparativos dos roteiros, organizar a turma, preparo das tralhas, dos lanches e naturalmente daquela lourinha geladíssima acompanhado de um bom tira-gosto.
Mas aqui o mais importante é a amizade e companheirismo, e a vontade de cada vez conhecer novos lugares, e conseguir exercitar as nossas minhoquinhas (iscas).
Mas dizer que numa pescaria é só maravilha não é verdade, existe o outro lado, dos bastidores.
Começamos pescando na beira dos rios, das praias, mas pegávamos poucos peixes, e nestas ocasiões avistávamos os barcos dos pescadores apoitados mais adiantes, conseguindo recolher quantidades expressivas de pescados.
Resolvemos adquirir eu e meu amigo, um barco de alumínio de 5 metros com motor de popa.
Mudamos assim de pescadores estáticos de beira, para irmos buscar onde o peixe se encontrava, abrindo infinitamente a possibilidade de uma boa pescaria.
Entretanto aumentaram também os trabalhos para realiza-las. Como pescávamos mais na água salgada, após as pescarias era obrigatória uma boa limpeza nas tralhas de pescarias:lavar os anzóis, molinetes e carretilhas, o barco e principalmente o motor de popa e lubrificar.
Às vezes, devido ao cansaço ou preguiça, deixávamos de realizar estas tarefas, e as consequências eram: enferrujamento dos anzóis, dos molinetes e carretilhas, mau cheiro no barco com a deterioração dos restos das iscas, travamento do motor, e até de não conseguir remove-lo do barco, devido à oxidação dos parafusos de fixação.
Ainda existe trabalho para tirar e colocar o barco da carretinha, carregar e colocar ou tirar da água. Muitas vezes, tivemos que carregar dentro das beiradas lamacentas enterrados até os joelhos.
Uma vez, fomos pescar em Salinas, e para atingir o ponto de pescaria, navegamos por canais em que eram possíveis com a maré cheia.
Na volta já com o barco cheio de peixes, chegamos a tal canal, e por surpresa observamos que a maré tinha abaixado e não permitia a passagem.
Observando o relógio, verificamos que daí a instante já começaria e escurecer, decidimos eu e meu companheiro esvaziar o barco de todas as tralhas e peixes, remover o motor de popa, e ir arrastando até o ponto que fosse possível navegar. Não foi tarefa fácil, e quando já estava escurecendo finalmente colocamos o barco na água.
Mas pior mesmo era quando chegávamos sem nenhum peixe. Tinha um gaiato que gritava quando passávamos na frente à casa dele:
- Cadê o peixe pescador? E tínhamos que seguir calados.
Numa dessas pescarias sem resultados, quando estávamos preparando para voltar, avistamos canoa de pescador chegando com os peixes pegos no curral. Chamamo-los, e vimos que tinha vários camurins grandes, e compramos.
Quando chegamos à porta do gozador, antes que ele proferisse uma palavra, mostramos orgulhosos nossos enormes troféus.
E para concluir, voltamos a perguntar:
- Então por que você vai pescar?
Eu diria: - É como se fosse um vício, desde que você aprende e consegue pegar um bom peixe, ficar na expectativa da batida, a emoção de uma forte puxada, imaginar que tipo de peixe tinha fisgado, a briga para recolher, a preocupação em soltar do anzol, até a hora final daquele grito triunfal e tê-lo em suas mãos!