O Meu Primeiro Peixe Grande
A minha iniciação em pescaria começou por volta de 12 anos. Tínhamos mudado de uma megalópole que é São Paulo, para um sítio próximo a Belém, capital do estado do Pará.
Foi um tremendo choque para quem morava num apartamento, encontrar um lugar amplo, cercado pelas matas. A nossa casa ficava isolada no mínimo uns 2 km dos vizinhos. Foi lá que passei os melhores momentos da minha infância.
Próxima a casa corria um lindo igarapé de águas cristalinas, onde se avistava vários peixes nadando tranquilamente.
Logo me iniciei na pescaria levado pelo primo mais velho, que arrumou o material de pescaria que consistia numa vara fina de graveto, uma linha de costura, um chumbinho da carga de espingarda previamente furado, e um anzol chapinha.
Sobre o igarapé havia um grosso tronco caído e sobre o qual, passamos intermináveis momentos de alegria.
Fui aprendendo os nomes dos peixes: Acará, Traíra, Jacundá, Piaba, Jejú, Ueua...
O nosso material rudimentar, muitas vezes não agüentava o tranco dos peixes maiores, a linha se rompia, a vara quebrava, e os peixes como traíra com boca mais dura, o anzol não conseguia fisgar.
Um dia, estava sozinho no lugar favorito, com a isca dentro d’agua, quando de repente vi correr uma sombra escura num ataque violento sobre a isca. Assustado puxei a minha vara, mas vi o anzolzinho escapar facilmente da boca do imenso traíra, que sumiu rapidamente , como tinha aparecido, levando ainda a isca.
Fiquei tremulo por um instante, com a imagem do peixão cravada na memória.
Chegando em casa, fiquei pensando na maneira de pegar aquele peixe. Primeiro tinha que trocar aquele anzol raquítico, por um mais robusto que aguentasse o tranco daquele peixe. Revirei as coisas do meu primo, para ver se achava, mas só encontrei os de chapinha.
Imaginei fabricar um anzol, e achei um arame de bom calibre. Cortei num tamanho adequado, fiz a ponta com um lima, peguei a bigorna de sapateiro do um tio e amassei a ponta e fiz a fisga.
Depois fiz a curva e o local para prender a linha, achatando com o martelo, fazendo uma chapinha.
Pronto estava pronto o anzol! Fui correndo mostrar para os meus primos.
- Mas o que vai pegar com esta coisa medonha? E caíram na gargalhada.
Peguei o meu material de pesca e fui para o meu cantinho de pesca preferido. Coloquei um pedaço de carne, e joguei na água.
Após umas batidinhas na água, senti um tranco, dei um puxão e fisguei
A minha vara ficou envergada, puxei com cuidado e consegui trazer um
Meus primos ficaram boquiabertos ao verem o meu troféu.