domingo, 17 de março de 2013

Por que pescar?


Por que pescar? Muita gente que nunca pescou faz frequentemente esta pergunta
- Eu nunca teria paciência para ficar esperando o peixe morder a isca. dizia uma pessoa.
- É mais fácil comprar peixe no mercado, do que ficar horas à espera de um! comentava o outro.
- Vocês sabem o que é ser feliz? Eu retrucava sempre que ouvia tais comentários. Vocês repararam que nas fotos dos pescadores com seus troféus, os rostos estão estampadas de fisionomias de verdadeiras felicidades, com aqueles sorrisos abertos, de plena satisfação e objetivos alcançados.
Tudo é prazer numa pescaria, desde os dias que antecedem nos preparativos dos roteiros, organizar a turma, preparo das tralhas, dos lanches e naturalmente daquela lourinha geladíssima acompanhado de um bom tira-gosto.
Mas aqui o mais importante é a amizade e companheirismo, e a vontade de cada vez conhecer novos lugares, e conseguir exercitar as nossas minhoquinhas (iscas).
Mas dizer que numa pescaria é só maravilha não é verdade, existe o outro lado, dos bastidores.
Começamos pescando na beira dos rios, das praias, mas pegávamos poucos peixes, e nestas ocasiões avistávamos os barcos dos pescadores apoitados mais adiantes, conseguindo recolher quantidades expressivas de pescados.
Resolvemos adquirir eu e meu amigo, um barco de alumínio de 5 metros com motor de popa.
Mudamos assim de pescadores estáticos de beira, para irmos buscar onde o peixe se encontrava, abrindo infinitamente a possibilidade de uma boa pescaria.
Entretanto aumentaram também os trabalhos para realiza-las. Como pescávamos mais na água salgada, após as pescarias era obrigatória uma boa limpeza nas tralhas de pescarias:lavar os anzóis, molinetes e carretilhas, o barco e principalmente o motor de popa e lubrificar.
Às vezes, devido ao cansaço ou preguiça, deixávamos de realizar estas tarefas, e as consequências eram: enferrujamento dos anzóis, dos molinetes e carretilhas, mau cheiro no barco com a deterioração dos restos das iscas, travamento do motor, e até de não conseguir remove-lo do barco, devido à oxidação dos parafusos de fixação.
Ainda existe trabalho para tirar e colocar o barco da carretinha, carregar e colocar ou tirar da água. Muitas vezes, tivemos que carregar dentro das beiradas lamacentas enterrados até os joelhos.
Uma vez, fomos pescar em Salinas, e para atingir o ponto de pescaria, navegamos por canais em que eram possíveis com a maré cheia.
Na volta já com o barco cheio de peixes, chegamos a tal canal, e por surpresa observamos que a maré tinha abaixado e não permitia a passagem.
Observando o relógio, verificamos que daí a instante já começaria e escurecer, decidimos eu e meu companheiro esvaziar o barco de todas as tralhas e peixes, remover o motor de popa, e ir arrastando até o ponto que fosse possível navegar. Não foi tarefa fácil, e quando já estava escurecendo finalmente colocamos o barco na água.
Mas pior mesmo era quando chegávamos sem nenhum peixe. Tinha um gaiato que gritava quando passávamos na frente à casa dele:
- Cadê o peixe pescador? E tínhamos que seguir calados.
Numa dessas pescarias sem resultados, quando estávamos preparando para voltar, avistamos canoa de pescador chegando com os peixes pegos no curral. Chamamo-los, e vimos que tinha vários camurins grandes, e compramos.
Quando chegamos à porta do gozador, antes que ele proferisse uma palavra, mostramos orgulhosos nossos enormes troféus.
E para concluir, voltamos a perguntar:
- Então por que você vai pescar?
Eu diria: - É como se fosse um vício, desde que você aprende e consegue pegar um bom peixe, ficar na expectativa da batida, a emoção de uma forte puxada, imaginar que tipo de peixe tinha fisgado, a briga para recolher, a preocupação em soltar do anzol, até a hora final daquele grito triunfal e tê-lo em suas mãos!     

  

    

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