A pajelança
Fomos pescar no rio Capim, estado do Pará, num mês de novembro. Levantamos um acampamento as margens de um lago que desembocava neste rio.
Como já chegamos a tardinha, o resto do dia foi tomado para limpeza do local, montagem das barracas, da cozinha, preparo dos equipamentos de pesca e procura de iscas vivas.
Fazia uma noite linda e a conversa se animava sobres as atividades do dia seguinte, que prometia ser promissora.
Entretanto, após deitarmos, começou um temporal que continuou a noite toda. De manhã, quando acordamos, mal podíamos avistar o lago sob uma chuva torrencial.
-E agora o que vamos fazer? Nisto todos olhamos em direção ao seu Moacyr.
-Dá jeito seu Moacyr? Perguntamos em uníssono.
-Claro, o que foi que não resolvi até hoje?
O seu Moacyr acumulava o cargo de cozinheiro, aliás um excelente “Chief”, com o de curandeiro, e fazia as suas pajelanças quando não tínhamos as medicações, como no caso de um desarranjo estomacal, mas todos tínhamos desconfianças quanto a este dote, acreditando mais no efeito psicológico.
-Pois bem, então faça alguma coisa para parar esse toró!
O homem pegou um copo e encheu d’agua, e virou sobre um prato, colocou as mãos sobre o mesmo e se concentrou.
De repente, como por encanto, cessou o barulho intenso da chuva sobre a nossa barraca, e vimos o clarear do sol.
Gritamos de alegria e saímos carregando triunfalmente barraca afora o seu Moacyr. Estávamos pulando de alegria quando alguém gritou:
-Nossa não é possível!
Todos nós ficamos estupefatos olhando em direção ao companheiro. Realmente o sol aparecia sobre nós, mas fazia um circulo e num raio de aproximadamente 30 metros afora chovia a cântaros.
Desanimado voltamos a barraca, e aí alguém disse:
-Também seu Moacyr, você colocou um copinho desses na sua simpatia, da próxima vez, vê se consegue um do tamanho do Maracanã!