quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


         A pajelança       




          Fomos pescar  no rio Capim, estado do Pará, num mês de novembro. Levantamos um acampamento as margens de um lago que desembocava  neste rio.

            Como já chegamos a tardinha, o resto do dia foi tomado para limpeza do local, montagem das barracas, da cozinha, preparo dos equipamentos de pesca e procura de iscas vivas.

Fazia uma noite linda e a conversa se animava sobres as atividades do dia seguinte, que prometia ser promissora.

Entretanto, após deitarmos, começou um temporal que continuou a noite toda. De manhã, quando acordamos, mal podíamos avistar o lago sob uma chuva torrencial.

            -E agora o que vamos fazer?  Nisto todos olhamos em direção ao seu Moacyr.

            -Dá jeito seu Moacyr? Perguntamos em uníssono.

            -Claro, o que foi que não resolvi até hoje?

           O seu Moacyr acumulava o cargo de cozinheiro, aliás um excelente “Chief”, com o de curandeiro, e fazia as suas pajelanças quando não tínhamos as medicações, como no caso de um desarranjo estomacal, mas todos tínhamos desconfianças quanto a este dote, acreditando mais no efeito psicológico.

            -Pois bem, então faça alguma coisa para parar esse toró!

            O homem pegou um copo e encheu d’agua, e virou sobre um prato, colocou as mãos sobre o mesmo e se concentrou.

De repente, como por encanto, cessou o barulho intenso da chuva sobre a nossa barraca, e vimos o clarear do sol.

Gritamos de alegria e saímos carregando triunfalmente barraca afora o seu Moacyr. Estávamos pulando de alegria quando alguém gritou:

            -Nossa não é possível!

           Todos nós ficamos estupefatos olhando em direção ao companheiro. Realmente o sol aparecia sobre nós, mas fazia um circulo e num raio de aproximadamente 30 metros afora chovia a cântaros.

Desanimado voltamos a barraca, e aí alguém disse:

            -Também seu Moacyr, você colocou um copinho desses na sua simpatia, da próxima vez, vê se consegue um do tamanho do Maracanã!

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