Meu
pai pescador
Não
me lembro muito a figura de pescador em meu pai. As
únicas lembranças dele na pescaria foram na pesca de siri em São Vicente, na
praia de Itararé, onde ele possuía um apartamento.
Ele
adquiriu este apartamento no ano de 1949, e eu tinha 4
anos, e íamos frequentemente nos finais de semana, nos feriados e naturalmente
nas férias.
Nosso
apartamento ficava em frente a praia, de manhã abríamos
a janela da varanda e conforme o tempo e o estado do mar, íamos pescar o siri
carregando o puçá. Atravessando a rua, existia trilho de bonde, com dormentes à
mostra, com seixos, onde o pai apanhava algumas pedrinhas para servir como um
peso amarrados no fundo do puçá.
Invariavelmente,
pegava bastante os siris, e como eles gostavam de degustar este crustáceo que a
mãe fazia um excelente cozido.
A
outra ocasião foi quando fomos a Ilha Bela, em São Sebastião, e quando descemos
do barco no trapiche ele avistou um cardume de sardinhas nadando, e na primeira
ocasião arrumou um puçá, não sei de onde e foi ao
trapiche.
Instantes
após voltou correndo carregando o puçá, mostrando ofegante, um enorme polvo.
Dizia
ele que como de costume, tentava pegar alguns siris e qual não foi a surpresa, sentiu um enorme peso e quando puxou deparou com
um enorme molusco.
Pena
que não aproveitamos para comermos, pois ninguém sabia preparar e quando
cozinhou ficou igual a uma borracha.
Você tem uma ótima memória! Só me lembro dos siris e das ostras, pois adorava comê-los. O vovô lavava as ostras na água do mar, para deixá-las um pouco salgadas e a gente comia lá mesmo, no mar.
ResponderExcluirTambém me lembro do polvo que o pai pescou. Antes de cozinhar, o vovô decepou as pernas do molusco e começou a batê-las contra a mesa, pois as ventosas faziam-nas aderirem, como colas, onde tocavam.
Hoje sei que o polvo só deve ser jogado na água fervente e removido imediatamente após tornar cor-de-rosa.
Naquela época o mar estava cheio de peixes, ostras e mexilhões (aderidos nas paredes rochosas) e a gente podia pegar à vontade. Não existia poluição nem contaminação.
Lembro-me que, quando ia à praia, gostava de cavar a areia porque encontrava conchas.